Consciência Negra e sua história:

consciencia negra e sua historia

“Sankofa, pássaro místico de duas cabeças, uma voltada para o passado a outra para o futuro.”

Sankofa é uma palavra, que segundo a filosofia africana significa, aproximadamente: voltar ao passado para dar novo significado para o presente com um olhar no futuro. É com esse olhar que os espaços de cultura devem buscar integrar as diferenças, buscando colaborar com a desconstrução de preconceitos, com a busca da valorização da cultura africana e afro-brasileira e a importância desse grupo social na formação de nossa sociedade. Debora Luz – Museu da Imaginação.

 

Comemorada em 20 de novembro, a data faz alusão à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, morto em 1695 durante o período colonial (1500 a 1822).

Zumbi é um dos grandes símbolos nacionais da resistência dos negros. Zumbi nasceu no Quilombo e lutou pela libertação dos escravos, tendo sido responsável por diversas rebeliões. A abolição oficial da escravatura só se deu cerca de 193 anos após a sua morte, em 13 de maio de 1888.

O dia de sua morte foi relembrado por ativistas do movimento negro por mais de 30 anos, sendo um tema muito debatido durante a década de 1970 e 1980. Porém, a data só foi oficializada em 2011, quando passou a ser celebrada em mais de mil cidades brasileiras.

O preconceito que temos e preferimos não enxergar

A questão do negro no Brasil, ainda hoje – 127 anos após a Lei Áurea ser assinada –, ainda precisa de um olhar atento. A libertação oficial não significou liberdade, tão pouco reconhecimento da sua contribuição para a construção do país durante mais de 350 anos de escravidão.

O que se viu foi uma falta de política social após essa “libertação” que gerou um sofrimento vivido até hoje pelos descendentes dos escravizados. As crianças negras, por exemplo, têm quase 70% mais chances de viver na pobreza do que as brancas. Das 535 mil crianças entre os 7 e 14 anos que estão fora da escola no Brasil, 330 mil são negras (Relatório da Unicef, 2010). São as mesmas crianças que correm mais riscos de serem abandonadas, de crescerem apenas com a mãe, e de aprender que o “belo” é um padrão que não é o dela, aliás é seu oposto.

Críticas em redes sociais, abordagens preconceituosas em espaços públicos, alto número de mortes de jovens negros, e o alto número de mulheres negras que são vítimas do feminicídio (perseguição e morte intencional de pessoas do sexo feminino), são apenas alguns dos efeitos mais visíveis do preconceito racial. Mas o maior problema – e talvez este seja o mais grave – é quando o preconceito não é reconhecido como tal.

 

E é isso que quem é negro vê todos os dias, quando alguém se sente à vontade para fazer uma piada – afinal era só uma piada; ou quando a polícia não se conforma que um menino negro possa estar na rua brincando sem ser um traficante; ou quando alguém fala para uma menina que ela precisa alisar o cabelo, afinal ela ficaria tão mais bonita sem um cabelo armado… Ou mesmo quando alguém insiste em dizer “você não é negra, você é morena”, como se for negra fosse apenas uma questão de cor – e que ser preto fosse negativo – e não de identidade.

Cerrar os olhos e fazer de conta que o racismo e o preconceito social não existem, e que estão presentes todos os dias, bem ao nosso lado, é o maior erro que se pode cometer. Ele existe e está em cada um, isso inclui quando você atravessa a rua quando vê um negro vindo em sua direção; ou quando descobre que o negro está se formando em Direito, e não Educação Física – afinal, são tão bons esportistas… -; ou quando você se surpreende porque uma pessoa negra se formou na faculdade. Pública. Sem cotas.

Compreender o preconceito que está dentro de cada um de nós é o primeiro passo para mudar. Dar o exemplo para as crianças é o segundo. Se isso não acontecer, vamos continuar a ver um Brasil que parece mais saído do século 19. Aliás, ele realmente saiu?

Desde muito cedo podemos aprender e conhecer diferentes realidades e compreender que a experiência social do mundo é muito maior do que a nossa experiência local, e que este mesmo mundo é constituído e formado por civilizações, histórias, grupos sociais e etnias ou raças diversas. É também bem cedo em sua formação que as crianças podem ser reeducadas a lidar com os preconceitos aprendidos no ambiente familiar e nas relações sociais mais amplas. Educar para a igualdade racial é tarefa urgente e necessária.

O Museu da Imaginação não só no dia 20, mas na semana de 20 a 24 de novembro traz em sua programação a importância e o resgate desta conscientização por meio de experiências com brincadeiras e oficinas que proporcionam a reflexão e o contato com a diversidade e a história do povo brasileiro, a nossa história!

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